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A PALAVRA DO ARTISTA

 PARA PENSAR A ARTE NA TERAPIA 

É PRECISO APROXIMAÇÃO COM AS REFLEXÕES 
DOS ARTISTAS/AUTORES SOBRE SUAS OBRAS E 
SEUS PROCESSOS.

#artes #arte #terapia #linguagem #imagem #criatividade #poesia #artista

OSTROWER, em seu livro Acasos e Criação Artítica nos diz que: "Crescer, saber de si, descobrir seu potencial e realizá-lo: é uma necessidade interna. É algo tão profundo, tão nas entranhas do ser, que a pessoa nem saberia explicar o que é, mas sente que existe nela e está buscando-o o tempo todo e das mais variadas maneiras, a fim de poder identificar-se na identificação de suas potencialidades. No entanto, é ao longo do viver que estas potencialidades se dão a conhecer. (Daí, por exemplo, diante de pinturas infantis ser impossível constatar mais do que um eventual talento, áreas de sensibilidade e ainda diante de trabalhos de adolescentes não se sabe mais do que isto). Então é preciso viver para poder criar. Cabe repeti-lo: "Não há atalhos para a vida." - e tão pouco os há para a criação. Somente nos encontros com a vida, nas experiências concretas e nas conquistas de maturidade, poderemos saber quem é a pessoa e quais os reais contornos de seu potencial criador.
Nessa busca incessante de si mesmo, o indivíduo como que tateia no escuro. Ensaiando e experimentando com diversos materiais e técnicas segue determinados caminhos - sempre à procura de formas de identificação. Talvez as encontre e talvez não. Mas é neste contexto de busca interior, que devemos entender a importância dos acasos significativos e de mensagens de "inspiração" que contêm. Constituem momentos em que as circunstâncias se interligam de um modo surpreendentemente significativo de maneira irrepetível e tão específica como se fosse uma chave que de súbito abrisse determinada fechadura. A pessoa os vivencia como momentos de maior clareza e poder de decisão - quer seja no campo da arte, ao escolher, digamos, certas cores ou linhas e nelas vislumbrar novas possibilidades de forma expressiva, quer seja no dia-a-dia, ao dar determinado passo, tomar determinada atitude, estabelecer um procedimento na linha de vida - portanto, sempre realizando algo de concreto em que a pessoa sente que cresceu, em conhecimento e em sua individualidade."

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JULIA CAMERON, romancista, dramaturga, compositora e poetisa, nos diz que: "Quando perdemos o olhar vago sobre nós mesmos, nossos valores, nossa situação de vida, nós nos tornamos disponíveis para o momento. É lá, no específico, que entramos em contato com nosso eu criativo. Enquanto não vivenciarmos a liberdade da solidão, não teremos como nos conectar de forma autêntica. Podemos estar enredados mas não encontrados."

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JULIA CAMERON, romancista, dramaturga, compositora e poetisa, nos diz que: "Para funcionarmos na linguagem da arte, devemos aprender a viver confortavelmente nela. A linguagem da arte é imagem, símbolo. É uma linguagem sem palavras mesmo quando nossa arte consiste em buscá-la com palavras. A linguagem do artista é sensual, uma linguagem de experiência sentida. Quando trabalhamos na nossa arte, mergulhamos no poço de nossa experiência e recolhemos imagens."
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Flávia Hargreaves. Feltragem, 2019.
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JULIA CAMERON, romancista, dramaturga, compositora e poetisa, é também autora do livro e do método The Artist's Way (O Caminho do Artista), que propõe ajudar artistas a vencerem seus bloqueios criativos, mas na verdade auxilia todos aqueles que se dispõe a resgatar e pôr em ação o seu potencial criativo.  Cameron nos alerta sobre o "artista-sombra"que nasce "entre o sonho de agir e o medo do fracasso". E segue nos alertando sobre a importância de proteger a nossa criança interior, criativa e luminosa, frequentemente atacada pelo artista-sombra: "[...] Julgar seus primeiros esforços artísticos chega a ser um abuso. Isso acontece de muitas maneiras: o trabalho de iniciante é comparado com obras-primas, é exposto a criticas prematuras, apresentado a amigos excessivamente críticos. Em suma, o iniciante se comporta com um masoquismo bem praticado. O masoquismo é um aforma de arte que ele domina há muitos anos, aperfeiçoada durante o tempo em que passou se recriminando; este hábito é o porrete com o qual o artista-sombra pode espancar a si mesmo até voltar para a escuridão." Vamos pensar sobre isso e acolher o nosso lado criativo colocando-o em ação, descobrindo novas possibilidades de ser e estar no mundo. 

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Curso de Materiais para Arteterapia (Flávia Hargreaves), Grupo Pintando e Bordando os Arcanos Maiores do Tarô (Flávia Hargreaves e Maria Teresa Rocha), Ateliê de Artes (Flávia e Fernando Hargreaves) no artes.LOCUS.
 Fotografia: Flávia Hargreaves, 2018
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CELSO FAVARETTO EM SEU LIVRO "A INVENÇÃO DE HÉLIO OITICICA" TRAZ A CITAÇÃO DO ARTISTA SOBRE O ACASO: “Nada mais infeliz poderia ser dito do que a palavra 'acaso' , como se houvesse eu 'achado ao acaso' um objeto, a cuba, e daí criado uma obra; não! A obstinada procura 'daquele' objeto já indicava a identificação a priori de uma ideia com a forma objetiva que foi 'achada' depois, não ao 'acaso' ou na 'multiplicidade das coisas' onde foi escolhido, mas 'visada' sem indecisão no mundo dos objetos, não como 'um deles que me fala à vontade criativa', mas como o 'único possível à realização  da ideia criativa intuída a priori  e que ao realizar-se no espaço e no tempo  identifica a sua vontade estrutural apriorística com a estrutura 'aberta' do objeto já existente, aberta porque já predisposta a que o espírito a capte.

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Imagem 1: Hélio Oiticica (1937-1980). 
B32 Bólide de Vidro 15 (1965). Fonte: B32 Bólide Vidro 15. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/…/b32-bolide-vidro-…>. Acesso em: 05 de Dez. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

Imagem: Hélio Oiticica (1937-1980).  
Tropicália, Penetrables PN 2 'Purity is a myth' and PN 3 'Imagetical' (1966-67)
Fonte: https://www.wikiart.org

FAVARETTO, Celso Fernando. A invenção de Hélio Oiticica.  São Paulo. Editora da Universidade de São Paulo, 2015.
# postado em 5/12/18.

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O ARTISTA HÉLIO OITICICA (1937-1980), EM ENTREVISTA CONCEDIDA À REVISTA ARTES, 1965, DIZ: “[...] Para mim os conceitos de arte como uma atitude fixa, contemplativa, acabaram – não podemos mais conceber ‘estéticas’, mas sim um modus vivendi do qual se ergueram novos valores ainda nebulosos. [...] A época do racionalismo dominante chega a seu término: daqui por diante o intelecto aparece como parte de uma concepção de totalidade da vida e do mundo, na qual aparece a arte como impulso criador latente da vida. Não se trata pois da ‘arte’ como objeto supremo, intocável, mas de uma criação para a vida que seria como que uma volta ao mito, que passa aqui a ocupar um lugar proeminente nessa totalidade. Esse mito seria regido por ‘estados criativos’ em sucessão no indivíduo e na coletividade – não se quer o ‘objeto arte’, mas um ‘estado’, uma predisposição às vivências criativas; um incentivo à vida. [...]”

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Imagem: Hélio Oiticica (1937-1980). “B11 Box Bólide 09” (1964).
Fonte: https://www.wikiart.org


OITICICA, Cesar. Encontros – Hélio Oiticica.  Editora Beco do Azougue, 2009.
# postado em 28/11/18.

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REFLEXÕES DE STEPHEN NACHMANOVICH (1950 -), MÚSICO, POETA, PROFESSOR, ARTISTA VISUAL E ESCRITOR, SOBRE O LIMITE COMO ESTÍMULO PARA A CRIAÇÃO:
“Os limites são regras de um jogo a que voluntariamente nos submetemos ou circunstâncias que escapam a nosso controle, e exigem de nós uma adaptação.” E continua “[...] a necessidade nos obriga a improvisar com o material que temos à mão, a recorrer a uma engenhosidade e a uma inventividade que talvez não emergissem se pudéssemos adquirir soluções prontas. [...] Às vezes amaldiçoamos os limites mas sem eles a arte não é possível. Eles nos proporcionam algo com o que trabalhar e contra o que trabalhar. No exercício de nossa arte, submetemo-nos em grande parte, àquilo que os materiais nos determinam.”

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Imagem: Wassily Kandinsky (1866-1944). "Amarelo-Vermelho-Azul" (1925).
Fonte: https://www.wikiart.org/pt/wassily-kandinsky/amarelo-vermelho-azul-1925

NACHMANOVITCH, Stephen. Ser Criativo. O poder da improvisação na vida e na arte. 5ª ed. São Paulo: Summus Editorial, 1993. 

# postado em 14/11/18.
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REFLEXÕES SOBRE O ESTILO E A TÉCNICA  NA CRIACÃO ARTÍSTICA:
“Cabe repeti-lo quantas vezes for necessário: é de todo impossível simular a criação; a obra de arte sempre é expressão das mais íntimas experiências de vida; os modelos se copiam, mas  as experiências não se copiam. É preciso vivê-las. E também o estilo tem que ser vivido. Assim ele revelará sua verdade interna.” (OSTROWER).
Para dialogar com a citação acima, trago uma fala do artista e professor MAURÍCIO BARBATO, na ocasião da entrevista para o artes.LOCUS em junho de 2018,  sobre a técnica: “o aluno quer aprender a usar a cor como eu, mas tem coisas que são impossíveis de ensinar porque são expressões de uma vida inteira de exercícios e aprendizado. [...] o professor orienta, oferece meios, dá dicas e referências, também demonstra o uso do material, etc., mas até onde aquele aluno está disposto a ir será uma decisão individual.”

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Imagem: Maurício Barbato no seu ateliê, junho de 2018. Fotografia: Flávia Hargreaves.

OSTROWER, Fayga. Acasos e criação artística. Campinas : Editora Unicamp, 2013.

# postado em 07/11/18.
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REFLEXÃO DE FAYGA OSTROWER SOBRE A PERSPECTIVA COMO FORMA EXPRESSIVA E A ARTE MODERNA:
Segundo OSTROWER, a perspectiva deixa de existir como forma expressiva desde o impressionismo, no final do século XIX, resistindo como método útil para a arquitetura. Porquê? “Nas aceleradas transformações que afetam profundamente o conhecimento e todos os níveis do nosso ser, níveis existenciais, intelectuais e afetivos, entre grandezas atômicas e astronômicas, e as próprias estruturas da matéria que se desmaterializam e se identificam com sistemas de interações, relacionamentos abstratos – nessas experiências da espacialidade, não há mais condição para a forma da perspectiva. Não há como projetar eixos em que pudéssemos nos apoiar; não há como preservar as condições de solidez e permanência dos fenômenos. E, diante do abismo que se abre entre as potencialidades criativas do homem e, por outro lado, suas crescentes possibilidades destrutivas, também o enaltecimento do ser humano (implícito na forma da perspectiva) se afigura bastante problemático.”

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Imagem: Claude Monet (1840-1926). “Houses of Parliament”(1904).

Fontehttps://www.wikiart.org/pt/claude-monet/houses-of-parliament


Referência: OSTROWER, Fayga. Acasos e criação artística. Campinas : Editora Unicamp, 2013.

# postado em 17/10/18.
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CITAÇÃO DE GIULIO ARGAN (1909-1992), HISTORIADOR E  TEÓRICO DA ARTE, REFLETINDO SOBRE O PROCESSO CRIATIVO DO ARTISTA NORTE-AMERICANO JACKSON POLLOCK (1912/1956), REFERÊNCIA NO EXPRESSIONISMO ABSTRATO:
“Lendo e refletindo sobre Jung, convence-se de que a esfera da arte é o inconsciente: é a grande reserva das forças vitais, à qual se chega apenas com a arte. Não é a dimensão das lembranças perdidas, e sim o mar profundo e borbulhante do ser, de onde provêm os impulsos para a ação. [...] Antes da ação não há nada: não um sujeito e um objeto, não um espaço onde se mova, um tempo em que se dure. Pollock parte realmente do zero, do pingo de tinta que deixa cair sobre a tela.” 

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Imagem: Jaockson Pollock (1912-1956). Nº 5 (1948).
Fonte: By Taken from Art Market Watch.com., Fair use, https://en.wikipedia.org/w/index.php?curid=7846487



Referência: ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. 5º reimpressão. São Paulo : Editora Companhia das Letras, 1998.

#postado em 03/10/18.
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CITAÇÃO DE FAYGA OSTROWER:
“Sem dúvida existe intencionalidade em qualquer ato artístico. Existe uma fala. E existe uma escuta. Porém isso não deve ser confundido com a ideia de que talvez o artista tente intervir no seu inconsciente. É de todo impossível induzir voluntariamente estados inspiradores. Além disso, a pretensão de querer controlar o inconsciente, marcando como que encontros  furtivos com acasos e insinuando certas vias em que o inconsciente talvez pudesse ser minado ou canalizado, tiraria por completo a espontaneidade do artista e sobretudo sua autenticidade. Comprometeria a criação. O artista tem que saber agir. O difícil é também saber esperar. Exige coragem além de perseverança, pois o artista tem que poder manter-se aberto nessa espera, sem desanimar ou precipitar-se. Tem que permitir que certas coisas aconteçam, sem provocá-las, e, quando acontecem, ele tem que poder reconhece-las e agir de pronto. Agir assumindo plena responsabilidade pelo que faz.”

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Imagem: Eleanor Fortescue-Brickdale (1872-1945), "The Deceitfullness of Riches" (1901). Fonte: https://www.wikiart.org/pt/eleanor-fortescue-brickdale/the-deceitfullness-of-riches

Referência: OSTROWER, Fayga. Acasos e criação artística. Campinas : Editora Unicamp, 2013.
#postado em 26/09/18.
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REFLEXÃO DE ROSALIND KRAUSS, IMPORTANTE TEÓRICA E CRÍTICA DE ARTE, SOBRE A ESCULTURA:
Krauss nos fala sobre a relação espaço/tempo na escultura que se contrapõe ao tratado estético Lacoonte (séc. XVIII) de Gotthold Lessing, que faz distinção entre artes temporais - a poesia e a música - e as artes espaciais - a escultura e a pintura -, mas mesmo Lessing nos adverte: “Todos os corpos, entretanto, existem não apenas no espaço mas também no tempo. Eles continuam e podem assumir, a qualquer momento de sua continuidade, um aspecto diferente e colocar-se em relações diferentes. Cada um desses aspectos e agrupamentos momentâneos terá sido o resultado de um anterior e poderá vir a ser a causa de um seguinte, construindo, portanto, o centro de uma ação presente.”

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Imagem: Lacoonte e seus filhos (séc. I a.C.) Museu do Vaticano, Roma. 

Referência: KRAUSS, R. E. Caminhos da Escultura Moderna. São Paulo: Martins Fontes. 1ª ed. 1998. 2ª tiragem 2001.
#postado em 19/09/18.

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SOBRE A EXPERIÊNCIA WASSILY KANDINSKY EM SEUS PRIMEIROS PASSOS RUMO A ABSTRAÇÃO:
Em 1910, Wassily Kandinsky (1866/1944), que até então havia construído sua carreira como artista figurativo, mergulha em uma nova experiência, na qual desconstrói o seu estilo, dispondo-se a rabiscar como uma criança na primeira infância. Segundo Argan (1998), “Kandinsky se propôs a reproduzir experimentalmente o primeiro contato do ser humano com um mundo do qual não sabe nada, nem sequer se é habitável. É apenas algo diferente de si: uma experiência ilimitada, ainda não organizada como espaço, cheia de coisas que ainda não tem lugar, forma ou nome.” [...] Kandinsky se propõe a “analisar no comportamento da criança, a origem, a estrutura primária da operação estética”  do qual ela se afasta gradativamente cedendo lugar a experiência racional e intelectual do mundo, passando a viver em meio a significados e explicações.
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Imagem: Wassily Kandinsky (1866/1944). Primeira Aquarela Abstrata (1910).


Referência: ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. 5º reimpressão. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1998.
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CITAÇÃO DE LOUISE BOURGEOIS (1911/2010) SOBRE SUA OBRA EYES AND MIRRORS: “O símbolo do espelho diz que existem muitos espelhos, o que significa que existem muitas realidades. A sua realidade, a minha realidade etc. [...] Eu digo que existem muitas realidades e nós precisamos nos ajustar a uma. Precisamos aceitar o fato que os outros não vêem o que você vê.”

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Imagem:  Louise Bourgeois (1911/2010). Eyes and Mirrors (1989/1993).

fonte: Série Memoire. Louise Bourgeois. Entretiens realisés par Bernard Marcadé et Jerry Gorovoy. Nova Iorque. Fevereiro de 1993. Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=cjho_BJ2KsE > acessado em 09/11/2015 - Tradução livre de Flávia Hargreaves.

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CITAÇÃO DE FAYGA OSTROWER: “Movidos por uma urgência interior – talvez subconsciente, ou vagamente consciente, de certas inquietações ou da falta de sentido nas tarefas obrigatórias -, muitos adultos começam a explorar espontaneamente, intuitivamente, de modos os mais diversos, áreas de conhecimento também as mais diversas. A urgência desse fazer testemunha a necessidade psíquica (não apenas psicológica), necessidade existencial mesmo, de as pessoas descobrirem suas verdadeiras potencialidades. Assim imbuído de intensos afetos, o fazer será acompanhado por um constante pensar e duvidar, um repensar, um refazer, um sondar profundos estratos de sensibilidade. As ‘obras’ que eventualmente resultem do fazer, por ora serão menos importantes do que os caminhos de busca.”

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Imagem: Joan Miró (1893-1983). The Hunter - Catalan Landscape (1924).

fonte: OSTROWER, Fayga. Acasos e criação artística. Campinas : Editora Unicamp, 2013.
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SOBRE O RETRATO NO OLHAR DE AMADEO MODIGLIANI (Livorno 1884- Paris 1920).
CITAÇÃO DE KRYSTOF:  “Os retratos têm [...] a função de evocarem alguém e de o reproduzir. Isto exige uma certa similitude entre o sujeito retratado e sua representação, similaridade que tanto pode residir nos seus traços fisionômicos exteriores como na representação simbólica do caráter do personagem. No entanto, qualquer retrato diz tanto sobre o pintor como sobre o retratado. Podemos, pois, considerar o retrato como um gênero de pintura em que dois protagonistas se fundem para sempre.” Ao final, algumas vezes, Modigliani escreve o nome do retratado na tela indicando que “[...] depois do penoso processo de feitura de um retrato, o distanciamento entre o artista e o modelo é mais uma vez reestabelecido.”

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Paul Guillaume, Novo Pilota, 1915
Imagem: Por egGdt6G4tsL9nQ at Google Cultural Institute maximum zoom level, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=22586792

fonte: KRYSTOF, Doris. Amadeo Modigliani. A Poesia do Olhar. Impresso em Singapura. Editora Paisagem. 2007).
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CITAÇÃO DE AUGUSTE RODIN (1840-1917) SOBRE O OLHAR CONTEMPLATIVO E A NATUREZA:
"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a Natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do Homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o Universo e fazer com que os outros o compreendam." Como o exercício de contemplar a natureza pode contribuir na prática da Arteterapia? O olhar contemplativo não se volta para o passado, nem se lança para o futuro, mas está atento ao presente. Trata-se de um "movimento de meditação e máxima atenção, estado especial de consciência presente a todo momento, a contemplação dá sentido e intensidade à vida" (https://www.dicionarioinformal.com.br/contemplativo/).

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Imagem: Por Paul François Arnold Cardon (a) Dornac (1858-1941) - here, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=39417250

fonte: <https://pt.wikiquote.org/wiki/Auguste_Rodin> acessado em 13/06/2018


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CITAÇÃO DE JORGE MIGUEL, CRÍTICO DE ARTE, SOBRE A OBRA DE MARÍLIA KRANZ:
Sobre a Natureza como fonte de inspiração para a criação artística e reflexões sobre a vida, trazemos uma citação do crítico de arte Jorge Miguel acerca da obra de Marilia Kranz (1937-2017)"O equilíbrio delicado da pintura de Marília, com o saber da individualidade, impõe-se pela dualidade de: espaço x sonhos que podem ser ampliados através da visão pluralista das situações propostas por ela, como um caleidoscópio: volumes de cores, luz, transparências, efeitos visuais, sem truques, como o desabrochar das flores num ritual erótico... A mente de Marília capta, com agilidade, os corpos em floração das plantas, projetando-os com êxtase. São formas da natureza, transmutações, metamorfoses de gestos, de carícias do ser vegetal-animal-erotizado, onde a história das imagens são projeções do inconsciente, em um espaço poético... Há, além de tudo isso, uma energia envolvendo os seres em sua totalidade. A energia do amor, emanada do eu mais profundo da artista". 
Será que precisamos rever nossas concepções sobre a representação do reino vegetal no setting arteterapeutico?

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Imagem: Rio Narciso (1985). Marília Kranz (1937-2017).

RIO Narciso. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra20962/rio-narciso>. Acesso em: 29 de Mai. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

Fonte: <https://www.escritoriodearte.com/artista/marilia-kranz> acessado em 29.05.2018.



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CITAÇÃO DE ROSALIND KRAUSS, TEÓRICA E CRÍTICA DE ARTE, SOBRE A ESCULTURA CLÁSSICA:
“No classicismo, a transcendência do ponto de vista único costumava ser tratada explicitamente, pela utilização de figuras agrupadas em pares ou trios, de modo que a vista frontal de uma figura era apresentada simultâneamente com a vista posterior de sua contra-parte. [...].” Em ‘as três graças’de Canova, do período Neoclássico, Krauss aponta que “[...] O observador não vê a mesma figura em rotação, mas sim três nus femininos que representam o corpo em três ângulos diferentes.” E continua: “Ao longo de todo o século XIX, os escultores buscaram continuamente fornecer ao observador informações acerca das faces não vistas [...] dos objetos inteiros [...].”
Interessante observar a solução utilizada pela Arte para revelar o objeto por inteiro utilizando outras figuras que nos mostram ou nos dão pistas sobre a face oculta da figura central. Poderíamos fazer um paralelo com a possibilidade de buscarmos nossas faces ocultas, nossas sombras a partir de nossas projeções nos outros?

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Imagem: As três graças (1813), de Antonio Canova (1757-1882), período Neoclássico.
fonte: CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=369826

KRAUSS, R. E. Caminhos da Escultura Moderna. São Paulo: Martins Fontes. 1ª ed. 1998. 2ª tiragem 2001.



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CITAÇÃO DE FAYGA OSTROWER:
Sobre o processo criativo, Fayga nos diz que: "Ao criar, o artista parte de uma inquietação, uma mobilização geral - por ora indefinida - em busca de determinadas formas e configurações - por ora também indefinidas. Mesmo assim, haverá uma intenção implícita e haverá uma direção potencial. Podemos tentar resumi-lo assim: o artista se encaminha do possível ao necessário." e continua: "Até que ponto tal busca é consciente ou inconsciente, talvez nem possa ser determinado. A elaboração de formas expressivas exige uma concentração tão grande que a pessoa parece estar em transe, mergulhando em seu inconsciente. No entanto, ela está acordada, lúcida e inteiramente consciente. Vale lembrar aqui que os processos criativos são intuitivos (intuitivos, não instintivos) e que abrangem todos os dados da cognição e do afeto (dados sedimentados em nosso próprio modo de ser, não necessariamente no nível do intelecto). Na verdade, o consciente e o inconsciente se complementam na intuição, como facetas do mesmo conhecimento de ser e se qualificam mutuamente em cada decisão que tomamos."

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Imagem: Max Ernst (1891-1976). Dangerous Correspondences. Gravura. 1947. Acervo Tate Gallery.

OSTROWER, Fayga. Acasos e criação artística. Campinas : Editora Unicamp, 2013, p. 278-279.
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CITAÇÃO DE FAYGA OSTROWER:
“Muitas vezes, em seu trabalho, o artista talvez hesite e esteja em dúvida. Ele não sabe o que vai fazer – eventualmente já sabe o que não vai fazer. Precisa dar um determinado passo, mas ainda não consegue formular as alternativas. Quando estas se apresentam, o artista as avalia como hipóteses de ação e certas consequências que daí poderiam resultar. Tais considerações têm tudo a ver com os conteúdos vivenciais que se quer expressar. A partir delas, o artista talvez possa corrigir ou terminar a sua obra com uma solução totalmente diferente da que imaginou inicialmente – mas talvez destrua tudo e comece uma nova obra. Pode errar e fracassar num trabalho, e recomeçar, por mais que custe aceitá-lo no momento, às vezes resulta em maior compreensão e criatividade.  Na verdade, só há de se tornar artista quem souber aprender consigo mesmo, com seus próprios acertos e também com seus erros. Tudo é um caminho só.”

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Imagem: Fayga Ostrower. Composição abstrata. Aquarela. 1947. 

OSTROWER, Fayga. Acasos e criação artística. Campinas : Editora Unicamp, 2013, p. 196-197.


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CITAÇÃO DE PICASSO SOBRE A COLAGEM E A ARTE MODERNA.
Picasso diz a François Gilot: “[...] se um pedaço de jornal pode converter-se numa garrafa, isso também nos dá algo para pensar a respeito de jornais e garrafas. Esse objeto deslocado ingressou num universo para o qual não foi feito e onde, em certa medida, conserva sua estranheza. E foi justamente sobre esta estranheza que quisemos fazer que as pessoas pensassem, pois tínhamos perfeita consciência de que nosso mundo estava ficando muito estranho e não exatamente tranquilizador.”(GOLDING, 1991, p.47).

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Imagem: https://www.wikiart.org/en/pablo-picasso/bottle-of-vieux-marc-glass-guitar-and-newspaper-1913

GOLDING, John. Cubismo.  In : STANGOS, Nikos (org.). Conceitos de Arte Moderna. 2 ed. Rio de Janeiro : Jorge Zahar, 1991, p. 38-57.

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CITAÇÃO DO POETA JEAN COUTEAU (1889-1963) SOBRE O ARTISTA E AMIGO AMADEO MODIGLIANI (1884-1920).
“Não foi Modigliani que distorceu e afilou o rosto, que criou a assimetria que eliminou um dos olhos, que alongou o pescoço. Tudo isso aconteceu em seu coração. E era assim que ele nos desenhava nas mesas do Café de La Rotonde; era assim que ele nos via, nos amava, nos sentia, discordava de nós ou discutia conosco. Os seus desenhos eram uma conversa silenciosa, um diálogo entre as suas linhas e as nossas.” (KRYSTOF, Doris, 2007).

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KRYSTOF, Doris. Amadeo Modigliani. A Poesia do Olhar. Impresso em Singapura. Editora Paisagem. 2007.
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CITAÇÃO DE MAX ERNST (1891-1976) SOBRE A COLAGEM, TÉCNICA MUITO UTILIZADA NA ARTETERAPIA.
[...] “a técnica da colagem é a exploração sistemática do encontro casual ou artificialmente provocado de duas ou mais realidades estranhas entre si sobre um plano aparentemente inadequado, e um cintilar de poesia que resulta da aproximação dessas realidades.” (ERNST, apud PASSETI, 2007).

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Imagem: https://www.wikiart.org/en/max-ernst/switzerland-birth-place-of-dada-1920


PASSETI, Dorothea Voegeli, Colagem: arte e antropologia.

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