PARA PENSAR A ARTE NA TERAPIA
É PRECISO APROXIMAÇÃO COM AS REFLEXÕESDOS ARTISTAS/AUTORES SOBRE SUAS OBRAS E
SEUS PROCESSOS.
#artes #arte #terapia #linguagem #imagem #criatividade #poesia #artista
OSTROWER, em seu livro Acasos e Criação Artítica nos diz que: "Crescer, saber de si, descobrir seu potencial e realizá-lo: é uma necessidade interna. É algo tão profundo, tão nas entranhas do ser, que a pessoa nem saberia explicar o que é, mas sente que existe nela e está buscando-o o tempo todo e das mais variadas maneiras, a fim de poder identificar-se na identificação de suas potencialidades. No entanto, é ao longo do viver que estas potencialidades se dão a conhecer. (Daí, por exemplo, diante de pinturas infantis ser impossível constatar mais do que um eventual talento, áreas de sensibilidade e ainda diante de trabalhos de adolescentes não se sabe mais do que isto). Então é preciso viver para poder criar. Cabe repeti-lo: "Não há atalhos para a vida." - e tão pouco os há para a criação. Somente nos encontros com a vida, nas experiências concretas e nas conquistas de maturidade, poderemos saber quem é a pessoa e quais os reais contornos de seu potencial criador.
Nessa busca incessante de si mesmo, o indivíduo como que tateia no escuro. Ensaiando e experimentando com diversos materiais e técnicas segue determinados caminhos - sempre à procura de formas de identificação. Talvez as encontre e talvez não. Mas é neste contexto de busca interior, que devemos entender a importância dos acasos significativos e de mensagens de "inspiração" que contêm. Constituem momentos em que as circunstâncias se interligam de um modo surpreendentemente significativo de maneira irrepetível e tão específica como se fosse uma chave que de súbito abrisse determinada fechadura. A pessoa os vivencia como momentos de maior clareza e poder de decisão - quer seja no campo da arte, ao escolher, digamos, certas cores ou linhas e nelas vislumbrar novas possibilidades de forma expressiva, quer seja no dia-a-dia, ao dar determinado passo, tomar determinada atitude, estabelecer um procedimento na linha de vida - portanto, sempre realizando algo de concreto em que a pessoa sente que cresceu, em conhecimento e em sua individualidade."
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JULIA CAMERON, romancista, dramaturga, compositora e poetisa, nos diz que: "Quando perdemos o olhar vago sobre nós mesmos, nossos valores, nossa situação de vida, nós nos tornamos disponíveis para o momento. É lá, no específico, que entramos em contato com nosso eu criativo. Enquanto não vivenciarmos a liberdade da solidão, não teremos como nos conectar de forma autêntica. Podemos estar enredados mas não encontrados."
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JULIA CAMERON, romancista, dramaturga, compositora e poetisa, é também autora do livro e do método The Artist's Way (O Caminho do Artista), que propõe ajudar artistas a vencerem seus bloqueios criativos, mas na verdade auxilia todos aqueles que se dispõe a resgatar e pôr em ação o seu potencial criativo. Cameron nos alerta sobre o "artista-sombra"que nasce "entre o sonho de agir e o medo do fracasso". E segue nos alertando sobre a importância de proteger a nossa criança interior, criativa e luminosa, frequentemente atacada pelo artista-sombra: "[...] Julgar seus primeiros esforços artísticos chega a ser um abuso. Isso acontece de muitas maneiras: o trabalho de iniciante é comparado com obras-primas, é exposto a criticas prematuras, apresentado a amigos excessivamente críticos. Em suma, o iniciante se comporta com um masoquismo bem praticado. O masoquismo é um aforma de arte que ele domina há muitos anos, aperfeiçoada durante o tempo em que passou se recriminando; este hábito é o porrete com o qual o artista-sombra pode espancar a si mesmo até voltar para a escuridão." Vamos pensar sobre isso e acolher o nosso lado criativo colocando-o em ação, descobrindo novas possibilidades de ser e estar no mundo.
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Curso de Materiais para Arteterapia (Flávia Hargreaves), Grupo Pintando e Bordando os Arcanos Maiores do Tarô (Flávia Hargreaves e Maria Teresa Rocha), Ateliê de Artes (Flávia e Fernando Hargreaves) no artes.LOCUS.
Fotografia: Flávia Hargreaves, 2018
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Imagem 1: Hélio Oiticica (1937-1980).
B32 Bólide de Vidro 15 (1965). Fonte: B32 Bólide Vidro 15. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/…/b32-bolide-vidro-…>. Acesso em: 05 de Dez. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Imagem: Hélio Oiticica (1937-1980).
Tropicália, Penetrables PN 2 'Purity is a myth' and PN 3 'Imagetical' (1966-67)
Tropicália, Penetrables PN 2 'Purity is a myth' and PN 3 'Imagetical' (1966-67)
Fonte: https://www.wikiart.org
# postado em 5/12/18.
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O ARTISTA HÉLIO OITICICA (1937-1980), EM ENTREVISTA CONCEDIDA À REVISTA ARTES, 1965, DIZ: “[...] Para mim os conceitos de arte como uma atitude fixa, contemplativa, acabaram – não podemos mais conceber ‘estéticas’, mas sim um modus vivendi do qual se ergueram novos valores ainda nebulosos. [...] A época do racionalismo dominante chega a seu término: daqui por diante o intelecto aparece como parte de uma concepção de totalidade da vida e do mundo, na qual aparece a arte como impulso criador latente da vida. Não se trata pois da ‘arte’ como objeto supremo, intocável, mas de uma criação para a vida que seria como que uma volta ao mito, que passa aqui a ocupar um lugar proeminente nessa totalidade. Esse mito seria regido por ‘estados criativos’ em sucessão no indivíduo e na coletividade – não se quer o ‘objeto arte’, mas um ‘estado’, uma predisposição às vivências criativas; um incentivo à vida. [...]”
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Imagem: Hélio Oiticica (1937-1980). “B11 Box Bólide 09” (1964).
Fonte: https://www.wikiart.org
OITICICA, Cesar. Encontros – Hélio Oiticica. Editora Beco do Azougue, 2009.
# postado em 28/11/18.
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REFLEXÕES DE STEPHEN NACHMANOVICH (1950 -), MÚSICO, POETA, PROFESSOR, ARTISTA VISUAL E ESCRITOR, SOBRE O LIMITE COMO ESTÍMULO PARA A CRIAÇÃO:
“Os limites são regras de um jogo a que voluntariamente nos submetemos ou circunstâncias que escapam a nosso controle, e exigem de nós uma adaptação.” E continua “[...] a necessidade nos obriga a improvisar com o material que temos à mão, a recorrer a uma engenhosidade e a uma inventividade que talvez não emergissem se pudéssemos adquirir soluções prontas. [...] Às vezes amaldiçoamos os limites mas sem eles a arte não é possível. Eles nos proporcionam algo com o que trabalhar e contra o que trabalhar. No exercício de nossa arte, submetemo-nos em grande parte, àquilo que os materiais nos determinam.”
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Fonte: https://www.wikiart.org/pt/wassily-kandinsky/amarelo-vermelho-azul-1925
NACHMANOVITCH, Stephen. Ser Criativo. O poder da improvisação na vida e na arte. 5ª ed. São Paulo: Summus Editorial, 1993.
# postado em 14/11/18.
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REFLEXÕES SOBRE O ESTILO E A TÉCNICA NA CRIACÃO ARTÍSTICA:
“Cabe repeti-lo quantas vezes for necessário: é de todo impossível simular a criação; a obra de arte sempre é expressão das mais íntimas experiências de vida; os modelos se copiam, mas as experiências não se copiam. É preciso vivê-las. E também o estilo tem que ser vivido. Assim ele revelará sua verdade interna.” (OSTROWER).
Para dialogar com a citação acima, trago uma fala do artista e professor MAURÍCIO BARBATO, na ocasião da entrevista para o artes.LOCUS em junho de 2018, sobre a técnica: “o aluno quer aprender a usar a cor como eu, mas tem coisas que são impossíveis de ensinar porque são expressões de uma vida inteira de exercícios e aprendizado. [...] o professor orienta, oferece meios, dá dicas e referências, também demonstra o uso do material, etc., mas até onde aquele aluno está disposto a ir será uma decisão individual.”
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Imagem: Maurício Barbato no seu ateliê, junho de 2018. Fotografia: Flávia Hargreaves.
OSTROWER, Fayga. Acasos e criação artística. Campinas : Editora Unicamp, 2013.
# postado em 07/11/18.
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REFLEXÃO DE FAYGA OSTROWER SOBRE A PERSPECTIVA COMO FORMA EXPRESSIVA E A ARTE MODERNA:
Segundo OSTROWER, a perspectiva deixa de existir como forma expressiva desde o impressionismo, no final do século XIX, resistindo como método útil para a arquitetura. Porquê? “Nas aceleradas transformações que afetam profundamente o conhecimento e todos os níveis do nosso ser, níveis existenciais, intelectuais e afetivos, entre grandezas atômicas e astronômicas, e as próprias estruturas da matéria que se desmaterializam e se identificam com sistemas de interações, relacionamentos abstratos – nessas experiências da espacialidade, não há mais condição para a forma da perspectiva. Não há como projetar eixos em que pudéssemos nos apoiar; não há como preservar as condições de solidez e permanência dos fenômenos. E, diante do abismo que se abre entre as potencialidades criativas do homem e, por outro lado, suas crescentes possibilidades destrutivas, também o enaltecimento do ser humano (implícito na forma da perspectiva) se afigura bastante problemático.”
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Imagem: Claude Monet (1840-1926). “Houses of Parliament”(1904).
Fonte: https://www.wikiart.org/pt/claude-monet/houses-of-parliament
Referência: OSTROWER, Fayga. Acasos e criação artística. Campinas : Editora Unicamp, 2013.
# postado em 17/10/18.
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CITAÇÃO DE GIULIO ARGAN (1909-1992), HISTORIADOR E TEÓRICO DA ARTE, REFLETINDO SOBRE O PROCESSO CRIATIVO DO ARTISTA NORTE-AMERICANO JACKSON POLLOCK (1912/1956), REFERÊNCIA NO EXPRESSIONISMO ABSTRATO:
“Lendo e refletindo sobre Jung, convence-se de que a esfera da arte é o inconsciente: é a grande reserva das forças vitais, à qual se chega apenas com a arte. Não é a dimensão das lembranças perdidas, e sim o mar profundo e borbulhante do ser, de onde provêm os impulsos para a ação. [...] Antes da ação não há nada: não um sujeito e um objeto, não um espaço onde se mova, um tempo em que se dure. Pollock parte realmente do zero, do pingo de tinta que deixa cair sobre a tela.”
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Imagem: Jaockson Pollock (1912-1956). Nº 5 (1948).
Fonte: By Taken from Art Market Watch.com., Fair use, https://en.wikipedia.org/w/index.php?curid=7846487
Fonte: By Taken from Art Market Watch.com., Fair use, https://en.wikipedia.org/w/index.php?curid=7846487
Referência: ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. 5º reimpressão. São Paulo : Editora Companhia das Letras, 1998.
#postado em 03/10/18.
#postado em 03/10/18.
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CITAÇÃO DE FAYGA OSTROWER:
“Sem dúvida existe intencionalidade em qualquer ato artístico. Existe uma fala. E existe uma escuta. Porém isso não deve ser confundido com a ideia de que talvez o artista tente intervir no seu inconsciente. É de todo impossível induzir voluntariamente estados inspiradores. Além disso, a pretensão de querer controlar o inconsciente, marcando como que encontros furtivos com acasos e insinuando certas vias em que o inconsciente talvez pudesse ser minado ou canalizado, tiraria por completo a espontaneidade do artista e sobretudo sua autenticidade. Comprometeria a criação. O artista tem que saber agir. O difícil é também saber esperar. Exige coragem além de perseverança, pois o artista tem que poder manter-se aberto nessa espera, sem desanimar ou precipitar-se. Tem que permitir que certas coisas aconteçam, sem provocá-las, e, quando acontecem, ele tem que poder reconhece-las e agir de pronto. Agir assumindo plena responsabilidade pelo que faz.”
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Imagem: Eleanor Fortescue-Brickdale (1872-1945), "The Deceitfullness of Riches" (1901). Fonte: https://www.wikiart.org/pt/eleanor-fortescue-brickdale/the-deceitfullness-of-riches
Referência: OSTROWER, Fayga. Acasos e criação artística. Campinas : Editora Unicamp, 2013.
#postado em 26/09/18.
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Krauss nos fala sobre a relação espaço/tempo na escultura que se contrapõe ao tratado estético Lacoonte (séc. XVIII) de Gotthold Lessing, que faz distinção entre artes temporais - a poesia e a música - e as artes espaciais - a escultura e a pintura -, mas mesmo Lessing nos adverte: “Todos os corpos, entretanto, existem não apenas no espaço mas também no tempo. Eles continuam e podem assumir, a qualquer momento de sua continuidade, um aspecto diferente e colocar-se em relações diferentes. Cada um desses aspectos e agrupamentos momentâneos terá sido o resultado de um anterior e poderá vir a ser a causa de um seguinte, construindo, portanto, o centro de uma ação presente.”
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Referência: KRAUSS, R. E. Caminhos da Escultura Moderna. São Paulo: Martins Fontes. 1ª ed. 1998. 2ª tiragem 2001.
#postado em 19/09/18.
#postado em 19/09/18.
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SOBRE A EXPERIÊNCIA WASSILY KANDINSKY EM SEUS PRIMEIROS PASSOS RUMO A ABSTRAÇÃO:
Em 1910, Wassily Kandinsky (1866/1944), que até então havia construído sua carreira como artista figurativo, mergulha em uma nova experiência, na qual desconstrói o seu estilo, dispondo-se a rabiscar como uma criança na primeira infância. Segundo Argan (1998), “Kandinsky se propôs a reproduzir experimentalmente o primeiro contato do ser humano com um mundo do qual não sabe nada, nem sequer se é habitável. É apenas algo diferente de si: uma experiência ilimitada, ainda não organizada como espaço, cheia de coisas que ainda não tem lugar, forma ou nome.” [...] Kandinsky se propõe a “analisar no comportamento da criança, a origem, a estrutura primária da operação estética” do qual ela se afasta gradativamente cedendo lugar a experiência racional e intelectual do mundo, passando a viver em meio a significados e explicações.
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Referência: ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. 5º reimpressão. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1998.
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CITAÇÃO DE LOUISE BOURGEOIS (1911/2010) SOBRE SUA OBRA EYES AND MIRRORS: “O símbolo do espelho diz que existem muitos espelhos, o que significa que existem muitas realidades. A sua realidade, a minha realidade etc. [...] Eu digo que existem muitas realidades e nós precisamos nos ajustar a uma. Precisamos aceitar o fato que os outros não vêem o que você vê.”
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Imagem: Louise Bourgeois (1911/2010). Eyes and Mirrors (1989/1993).
fonte: Série Memoire. Louise Bourgeois. Entretiens realisés par Bernard Marcadé et Jerry Gorovoy. Nova Iorque. Fevereiro de 1993. Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=cjho_BJ2KsE > acessado em 09/11/2015 - Tradução livre de Flávia Hargreaves.
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CITAÇÃO DE FAYGA OSTROWER: “Movidos por uma urgência interior – talvez subconsciente, ou vagamente consciente, de certas inquietações ou da falta de sentido nas tarefas obrigatórias -, muitos adultos começam a explorar espontaneamente, intuitivamente, de modos os mais diversos, áreas de conhecimento também as mais diversas. A urgência desse fazer testemunha a necessidade psíquica (não apenas psicológica), necessidade existencial mesmo, de as pessoas descobrirem suas verdadeiras potencialidades. Assim imbuído de intensos afetos, o fazer será acompanhado por um constante pensar e duvidar, um repensar, um refazer, um sondar profundos estratos de sensibilidade. As ‘obras’ que eventualmente resultem do fazer, por ora serão menos importantes do que os caminhos de busca.”
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Imagem: Joan Miró (1893-1983). The Hunter - Catalan Landscape (1924).
fonte: OSTROWER, Fayga. Acasos e criação artística. Campinas : Editora Unicamp, 2013.
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SOBRE O RETRATO NO OLHAR DE AMADEO MODIGLIANI (Livorno 1884- Paris 1920).
CITAÇÃO DE KRYSTOF: “Os retratos têm [...] a função de evocarem alguém e de o reproduzir. Isto exige uma certa similitude entre o sujeito retratado e sua representação, similaridade que tanto pode residir nos seus traços fisionômicos exteriores como na representação simbólica do caráter do personagem. No entanto, qualquer retrato diz tanto sobre o pintor como sobre o retratado. Podemos, pois, considerar o retrato como um gênero de pintura em que dois protagonistas se fundem para sempre.” Ao final, algumas vezes, Modigliani escreve o nome do retratado na tela indicando que “[...] depois do penoso processo de feitura de um retrato, o distanciamento entre o artista e o modelo é mais uma vez reestabelecido.”
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Paul Guillaume, Novo Pilota, 1915
Imagem: Por egGdt6G4tsL9nQ at Google Cultural Institute maximum zoom level, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=22586792
fonte: KRYSTOF, Doris. Amadeo Modigliani. A Poesia do Olhar. Impresso em Singapura. Editora Paisagem. 2007).
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"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a Natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do Homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o Universo e fazer com que os outros o compreendam." Como o exercício de contemplar a natureza pode contribuir na prática da Arteterapia? O olhar contemplativo não se volta para o passado, nem se lança para o futuro, mas está atento ao presente. Trata-se de um "movimento de meditação e máxima atenção, estado especial de consciência presente a todo momento, a contemplação dá sentido e intensidade à vida" (https://www.dicionarioinformal.com.br/contemplativo/).
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Imagem: Por Paul François Arnold Cardon (a) Dornac (1858-1941) - here, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=39417250
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CITAÇÃO DE JORGE MIGUEL, CRÍTICO DE ARTE, SOBRE A OBRA DE MARÍLIA KRANZ:
Sobre a Natureza como fonte de inspiração para a criação artística e reflexões sobre a vida, trazemos uma citação do crítico de arte Jorge Miguel acerca da obra de Marilia Kranz (1937-2017): "O equilíbrio delicado da pintura de Marília, com o saber da individualidade, impõe-se pela dualidade de: espaço x sonhos que podem ser ampliados através da visão pluralista das situações propostas por ela, como um caleidoscópio: volumes de cores, luz, transparências, efeitos visuais, sem truques, como o desabrochar das flores num ritual erótico... A mente de Marília capta, com agilidade, os corpos em floração das plantas, projetando-os com êxtase. São formas da natureza, transmutações, metamorfoses de gestos, de carícias do ser vegetal-animal-erotizado, onde a história das imagens são projeções do inconsciente, em um espaço poético... Há, além de tudo isso, uma energia envolvendo os seres em sua totalidade. A energia do amor, emanada do eu mais profundo da artista".
Sobre a Natureza como fonte de inspiração para a criação artística e reflexões sobre a vida, trazemos uma citação do crítico de arte Jorge Miguel acerca da obra de Marilia Kranz (1937-2017): "O equilíbrio delicado da pintura de Marília, com o saber da individualidade, impõe-se pela dualidade de: espaço x sonhos que podem ser ampliados através da visão pluralista das situações propostas por ela, como um caleidoscópio: volumes de cores, luz, transparências, efeitos visuais, sem truques, como o desabrochar das flores num ritual erótico... A mente de Marília capta, com agilidade, os corpos em floração das plantas, projetando-os com êxtase. São formas da natureza, transmutações, metamorfoses de gestos, de carícias do ser vegetal-animal-erotizado, onde a história das imagens são projeções do inconsciente, em um espaço poético... Há, além de tudo isso, uma energia envolvendo os seres em sua totalidade. A energia do amor, emanada do eu mais profundo da artista".
Será que precisamos rever nossas concepções sobre a representação do reino vegetal no setting arteterapeutico?
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Imagem: Rio Narciso (1985). Marília Kranz (1937-2017).
RIO Narciso. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra20962/rio-narciso>. Acesso em: 29 de Mai. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Fonte: <https://www.escritoriodearte.com/artista/marilia-kranz> acessado em 29.05.2018.
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CITAÇÃO DE ROSALIND KRAUSS, TEÓRICA E CRÍTICA DE ARTE, SOBRE A ESCULTURA CLÁSSICA:
“No classicismo, a transcendência do ponto de vista único costumava ser tratada explicitamente, pela utilização de figuras agrupadas em pares ou trios, de modo que a vista frontal de uma figura era apresentada simultâneamente com a vista posterior de sua contra-parte. [...].” Em ‘as três graças’de Canova, do período Neoclássico, Krauss aponta que “[...] O observador não vê a mesma figura em rotação, mas sim três nus femininos que representam o corpo em três ângulos diferentes.” E continua: “Ao longo de todo o século XIX, os escultores buscaram continuamente fornecer ao observador informações acerca das faces não vistas [...] dos objetos inteiros [...].”
Interessante observar a solução utilizada pela Arte para revelar o objeto por inteiro utilizando outras figuras que nos mostram ou nos dão pistas sobre a face oculta da figura central. Poderíamos fazer um paralelo com a possibilidade de buscarmos nossas faces ocultas, nossas sombras a partir de nossas projeções nos outros?
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Imagem: As três graças (1813), de Antonio Canova (1757-1882), período Neoclássico.
fonte: CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=369826
KRAUSS, R. E. Caminhos da Escultura Moderna. São Paulo: Martins Fontes. 1ª ed. 1998. 2ª tiragem 2001.
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CITAÇÃO DE FAYGA OSTROWER:
Sobre o processo criativo, Fayga nos diz que: "Ao criar, o artista parte de uma inquietação, uma mobilização geral - por ora indefinida - em busca de determinadas formas e configurações - por ora também indefinidas. Mesmo assim, haverá uma intenção implícita e haverá uma direção potencial. Podemos tentar resumi-lo assim: o artista se encaminha do possível ao necessário." e continua: "Até que ponto tal busca é consciente ou inconsciente, talvez nem possa ser determinado. A elaboração de formas expressivas exige uma concentração tão grande que a pessoa parece estar em transe, mergulhando em seu inconsciente. No entanto, ela está acordada, lúcida e inteiramente consciente. Vale lembrar aqui que os processos criativos são intuitivos (intuitivos, não instintivos) e que abrangem todos os dados da cognição e do afeto (dados sedimentados em nosso próprio modo de ser, não necessariamente no nível do intelecto). Na verdade, o consciente e o inconsciente se complementam na intuição, como facetas do mesmo conhecimento de ser e se qualificam mutuamente em cada decisão que tomamos."
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Imagem: Max Ernst (1891-1976). Dangerous Correspondences. Gravura. 1947. Acervo Tate Gallery.
OSTROWER, Fayga. Acasos e criação artística. Campinas : Editora Unicamp, 2013, p. 278-279.
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CITAÇÃO DE FAYGA OSTROWER:
“Muitas vezes, em seu trabalho, o artista talvez hesite e esteja em dúvida. Ele não sabe o que vai fazer – eventualmente já sabe o que não vai fazer. Precisa dar um determinado passo, mas ainda não consegue formular as alternativas. Quando estas se apresentam, o artista as avalia como hipóteses de ação e certas consequências que daí poderiam resultar. Tais considerações têm tudo a ver com os conteúdos vivenciais que se quer expressar. A partir delas, o artista talvez possa corrigir ou terminar a sua obra com uma solução totalmente diferente da que imaginou inicialmente – mas talvez destrua tudo e comece uma nova obra. Pode errar e fracassar num trabalho, e recomeçar, por mais que custe aceitá-lo no momento, às vezes resulta em maior compreensão e criatividade. Na verdade, só há de se tornar artista quem souber aprender consigo mesmo, com seus próprios acertos e também com seus erros. Tudo é um caminho só.”
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Imagem: Fayga Ostrower. Composição abstrata. Aquarela. 1947.
OSTROWER, Fayga. Acasos e criação artística. Campinas : Editora Unicamp, 2013, p. 196-197.
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CITAÇÃO DE PICASSO SOBRE A COLAGEM E A ARTE MODERNA.
Picasso diz a François Gilot: “[...] se um pedaço de jornal pode converter-se numa garrafa, isso também nos dá algo para pensar a respeito de jornais e garrafas. Esse objeto deslocado ingressou num universo para o qual não foi feito e onde, em certa medida, conserva sua estranheza. E foi justamente sobre esta estranheza que quisemos fazer que as pessoas pensassem, pois tínhamos perfeita consciência de que nosso mundo estava ficando muito estranho e não exatamente tranquilizador.”(GOLDING, 1991, p.47).
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Imagem: https://www.wikiart.org/en/pablo-picasso/bottle-of-vieux-marc-glass-guitar-and-newspaper-1913
GOLDING, John. Cubismo. In : STANGOS, Nikos (org.). Conceitos de Arte Moderna. 2 ed. Rio de Janeiro : Jorge Zahar, 1991, p. 38-57.
GOLDING, John. Cubismo. In : STANGOS, Nikos (org.). Conceitos de Arte Moderna. 2 ed. Rio de Janeiro : Jorge Zahar, 1991, p. 38-57.
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CITAÇÃO DO POETA JEAN COUTEAU (1889-1963) SOBRE O ARTISTA E AMIGO AMADEO MODIGLIANI (1884-1920).
“Não foi Modigliani que distorceu e afilou o rosto, que criou a assimetria que eliminou um dos olhos, que alongou o pescoço. Tudo isso aconteceu em seu coração. E era assim que ele nos desenhava nas mesas do Café de La Rotonde; era assim que ele nos via, nos amava, nos sentia, discordava de nós ou discutia conosco. Os seus desenhos eram uma conversa silenciosa, um diálogo entre as suas linhas e as nossas.” (KRYSTOF, Doris, 2007).
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KRYSTOF, Doris. Amadeo Modigliani. A Poesia do Olhar. Impresso em Singapura. Editora Paisagem. 2007.
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[...] “a técnica da colagem é a exploração sistemática do encontro casual ou artificialmente provocado de duas ou mais realidades estranhas entre si sobre um plano aparentemente inadequado, e um cintilar de poesia que resulta da aproximação dessas realidades.” (ERNST, apud PASSETI, 2007).
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Imagem: https://www.wikiart.org/en/max-ernst/switzerland-birth-place-of-dada-1920
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PASSETI, Dorothea Voegeli, Colagem: arte e antropologia.
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