Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2024

ENCONTROS E DESENCONTROS: ARTETERAPIA E EMOÇÃO DE LIDAR DE NISE DA SILVEIRA

  Por Flávia Hargreaves. Autorretrato Fauvista, 2022, Flávia Hargreaves. O nome da Dra. Nise da Silveira (1905-1999) é o primeiro que vem à mente de muitas pessoas quando se fala em Arteterapia e é uma referência importante nos nossos estudos. Porém, tanto niseanos quanto arteterapeutas afirmam que Emoção de Lidar é algo muito diverso de Arteterapia, e este discurso sempre me causou inquietação. O termo “Emoção de Lidar” surgiu a partir de uma fala do Luis Carlos, cliente da Casa das Palmeiras [1] , sobre a sua relação com os materiais e a possibilidade destes se transformarem em objetos com os quais criava uma relação de afeto. Dra. Nise adotou esta expressão para nomear a Terapia Ocupacional proposta por ela, que incluía os ateliês de livre expressão. Dra. Nise da Silveira não considerava o trabalho realizado nos ateliês, tanto no STOR [2]  quanto na Casa das Palmeiras, como sendo Arteterapia. Ela também questionava o uso do termo Arte para definir o uso de técnicas expressivas c

ARTE DE DESAPARECER no processo criativo.

  Flávia Hargreaves. O texto a seguir traz uma reflexão sobre a concentração e o foco no processo criativo. Estudando Psicologia Positiva entrei em contato com o conceito de FLOW (fluir) como uma experiência de êxtase, um estado de plenitude no presente que alcançamos quando fazemos algo de nosso próprio interesse. Ao mergulharmos no processo, o que fazemos parece não nos exigir esforço e captura toda a nossa atenção. Segundo Mihaly Csikszentmihalyi, citado no curso [1] por Sofia Bauer, seria "um estado dinâmico que se caracteriza pela consciência de quando a experiência é feita pelo seu próprio interesse." O conceito de flow me fez rever um texto de 2017 [2], que compartilho com vocês revisado e atualizado. Boa leitura e deixe aqui seu comentário sobre o tema! [1] curso Certificação em Psicologia Positiva Sofia Bauer. [2] "A arte de desparecer", texto publicado originalmente em <flaviahargreaves.blogspot.com>, 3/5/17, com revisão de Regina Diniz  Desenhos e f

NA ARTETERAPIA, O CLIENTE É UM ARTISTA.

Flávia Hargreaves Neste texto compartilho com vocês minhas reflexões sobre o desenvolvimento artístico do cliente no processo arteterapêutico. Precisamos olhar pra isso com mais atenção. Desenho com lápis de cor, Flávia Hargreaves, 2024. Atendo público adulto e, muitas vezes, recebo pessoas que buscam na Arteterapia a possibilidade de resgatar a criança que adorava desenhar e pintar, revivendo aquele momento da vida em que CRIAR era algo natural e descomplicado.  No contexto terapêutico começam a explorar novos caminhos para se conectarem com seus sentimentos e expressá-los. Ao longo das sessões de Arteterapia, o cliente experimenta um processo terapêutico que implica em uma prática artística, colocando literalmente a mão na massa, recordando ou fazendo coisas pela primeira vez. A Arte começa a fazer parte da rotina abrindo um novo campo de exploração e inaugurando um novo olhar para si mesmo e para o mundo ao redor. Passa a ver como um artista, valorizando coisas no seu dia-a-dia que

O ERRO E O ACASO NA PINTURA.

Marcela Figueiredo "Cada etapa da pintura requer se despedir da camada anterior e entrar em uma nova etapa desconhecida. Essa 'entrada ao novo' pode ser muito angustiante justamente pela despedida de uma camada já adequada a si. Porém, sabemos que continuar no mesmo lugar seria permanecer em uma obra inacabada." Coelho com brinco de pérola, pintura em processo, tinta acrílica sobre tela, Marcela Figueiredo, 2024.   Nossa cultura associa o erro à punição, por isso, crescemos com medo de errar. Neste ponto, a arte se transforma em uma ferramenta de contracultura ao permitir que o erro se torne uma abertura para o acaso. Quando criamos, nos deparamos automaticamente com o novo e com a possibilidade de se equivocar. Neste trajeto, nos deparamos com o aprofundamento da imagem. Ultimamente, para entender o mecanismo de luz e sombra, tenho estudado o estilo Barroco. Com a ajuda da História da Arte, busco compreender como os artistas produziam suas obras e tento reproduzi