por Flávia Hargreaves
No texto a seguir traz as minhas
reflexões sobre como introduzir o uso de materiais expressivos na prática
terapêutica.
Apesar de, em minha prática como
arteterapeuta, eu buscar a expressão espontânea, a experimentação livre dos
materiais, aprendi na prática que a afirmação "menos é mais" também
se aplica na oferta de possibilidades ao cliente. É importante
disponibilizar opções para desenho, pintura, colagem e algo tridimensional. Por
exemplo: giz pastel, aquarela, papéis coloridos e massinha de modelar e quando
inserir algo novo como tecidos e linhas, retirar uma das opções
anteriores. Desta forma você não corre o risco de excessos que podem
confundir mais do que auxiliar no processo terapêutico, mas sem perder de vista
o convite à livre experimentação.
Disponibilizar uma variedade de cenários sem excessos incentiva o selecionar, o escolher os meios e a sua linguagem (desenho, pintura, colagem, etc.) e o mergulhar na exploração dos modos de usá-los, na busca de novas possibilidades. Em alguns casos, o limite de recursos oferecidos vai ser importante para que o cliente reconheça o que tem e este será o ponto de partida. Esse processo sugere que o indivíduo desenvolva novas habilidades e perceba que, na vida, muitas vezes, o que lhe falta não são os meios, mas a conscientização destes, assim como a busca de novos modos de lidar com eles (os meios). Compreender a tensão entre possibilidades e limites, oferecida por cada material, dá um novo significado ao seu uso, na Arteterapia e em áreas afins, já que, na vida, também vivemos nessa tensão, a qual não deve ser evitada, mas reconhecida e usada a nosso favor, como mola propulsora de nosso desenvolvimento psíquico e cognitivo.
Este modo de trabalhar norteou a construção do meu curso "Arteterapia: Conhecendo os materiais e aprendendo a usá-los", em 2009. As aulas iniciam com escassez de variedade e quantidade de materiais... Costumo ouvir: “mas eu só posso usar uma cor?”. Ao que respondo: “é o que temos para hoje!”. No decorrer do trabalho, entretanto, sempre uma surpresa... O limite gera novas possibilidades e, em dado momento, o aluno se sente mais estimulado e desafiado do que limitado. Ao final, os resultados, de fato, arrebatam seus autores. Ou seja, os mesmos meios geram novos modos. Dessa forma, o aluno, profissional da arteterapia e de áreas afins, vivencia essa proposta para poder implementá-la em sua prática profissional e, quem sabe, em sua própria vida.
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Em 2021 criou o projeto Arte para Terapia oferecendo cursos online de História da Arte para Terapia.
Uma boa reflexão
ResponderExcluirObrigada. Mas seu comentário foi publicado como anônimo e eu queria muito saber seu nome...
ExcluirInteressante reflexão e exercício!
ResponderExcluirNa pandemia experimentamos a limitação de materiais e, de certa forma, essa "falta" estimulou nossa criatividade.
Sim, a pandemia foi um grande exercício. Com toda a dor, medo e falta tivemos que dar um jeito com o que tínhamos. Neste aspecto foi uma oportunidade para criarmos novos modos de viver.
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