por Flávia Hargreaves
Devemos realmente manter expectativas baixas para evitar a frustração e proteger nossa autoestima? Neste texto, exploro como essa questão impacta a prática em um ateliê de arteterapia, onde o fundamental é criar um ambiente seguro que acolha os erros e promova o aprendizado a partir deles.
Boa leitura e não esqueça de deixar seu comentário!
Fotos: @marcosviana_fotografo |
Em 2024 decidi estudar Psicologia Positiva e quero compartilhar com vocês algumas reflexões que este estudo está trazendo para a minha atuação como arteterapeuta.
Assistindo as aulas do curso Certificação em Psicologia Positiva* me deparei com o tema: expectativa e autoestima.
O curso cita antigo estudo de William James que defende que devemos manter nossas expectativas baixas e cria uma fórmula: autoestima = sucesso/pretensões. Talvez você já tenha ouvido frases como "o nível de frustração depende das suas expectativas" e uma série de ideias que nos sugerem voar baixo para evitar uma queda dolorosa. Resumindo: Se não queremos sofrer, não devemos sonhar grandes sonhos.
Felizmente estas ideias estão sendo atualizadas. O curso citado traz o estudo de Bednar e Peterson sobre autoestima. Os autores defendem que quando nos colocamos na linha de frente, nos arriscamos e temos altas expectativas, podemos aumentar nossa autoestima. O caminho inverso, quando evitamos e não tentamos, nos leva a diminuição da mesma.
Ao tentarmos mais, ao acreditarmos mais, ao sonharmos mais alto iremos errar mais, e isso é bom se entendermos o valor de aprender com os erros. Este processo vai nos ajudar a desenvolver autoestima e autoconfiança.
Estes conteúdos me levaram a refletir sobre a expressão plástica na Arteterapia e os seus desafios.
Na Arteterapia
A Arteterapia propõe o uso de técnicas artísticas como meio para o fortalecimento da autoestima. Se por um lado a expressão plástica é facilitadora para a pessoa falar de si e expressar conteúdos difíceis, por outro traz também seus desafios. Muitos clientes se deparam com a sua falta de habilidade para desenhar e pintar, por exemplo, o que os leva a buscar técnicas "mais seguras" para "errar menos", a colagem é uma delas.
Caberá ao profissional conduzir o processo revendo crenças bloqueadoras diante do fazer artístico e identificando o desejo do cliente. O que ele quer realmente fazer? Como desenvolver autoconfiança para se arriscar? O ateliê terapêutico funciona como um ensaio para a vida e o terapeuta precisa criar um ambiente acolhedor para os erros e estimulante para novas experiências.
Tive a oportunidade de viver situações de imensa alegria e auto realização do cliente quando, ao se sentir desafiado em suas habilidades artísticas, consegue realizar o que queria. Vencer a autocrítica, se desvencilhando da crença na inabilidade, é um passo importantíssimo no processo arteterapêutico porque reverbera na vida da pessoa.
Também já atendi pessoas que realizavam o trabalho plástico muito rapidamente nas sessões e mesmo antes de pegar o giz de cera dizia que ia fazer mas não ia ficar bom. No final achava que nem estava tão ruim. Mas esta conquista não tem a força de tornar a pessoa mais confiante.
Mas quando o cliente é realmente desafiado e diz: ainda não está bom mas eu vou conseguir, o resultado é completamente diferente. A pessoa fica muitas sessões se esforçando verdadeiramente para ter um resultado que a deixe satisfeita. Faz, desfaz e refaz. Ao longo das muitas tentativas e erros, a vida lá fora responde ao movimento. Não se trata de perfeccionismo, mas de persistência e vontade.
Concluindo
Ter um sonho impulsiona a pessoa a crescer, então porque negar aquele sonho que faz o coração bater mais forte? Ter altas expectativas, trabalhar duro e alinhar ações aos objetivos são situações que podem ser vividas no processo criativo no ateliê. E será preciso evidenciar e tornar consciente que ao escolher um caminho que evite erros estará negando a oportunidade de desenvolver recursos importantes para o fortalecimento da autoestima.
Coloca aqui nos comentários o que você pensa sobre este tema!
*Curso Certificação em Psicologia Positiva - Centro Sofia Bauer.
Quero muito saber a sua opinião!
Se você curtiu, compartilhe com que você acredita que vá se beneficiar deste conteúdo. E assim, vamos crescer e transformar o olhar para a Arte na nossa prática profissional como terapeutas.
Caso tenha dificuldade em publicar seu comentário neste blog você poderá encaminhá-lo para o email: arteparaterapia@gmail.com que ele será publicado.
Flávia Hargreaves é arteterapeuta (AARJ 402/0508), artista e professora de artes para terapia.
Em 2021 criou o projeto Arte para Terapia oferecendo cursos online de História da Arte para Terapia.
Interessante a ampliação de se arriscar aumenta as espectativas. GRACIAS pela reflexão Flávia!
ResponderExcluir